quinta-feira, 29 de abril de 2010

Monólogo

Para onde vão minhas palavras,
se já não me escutas?
Para onde iriam, quando me escutavas?
E quando me escutaste? - Nunca.

Perdido, perdido. Ai, tudo foi perdido!
Eu e tu perdemos tudo.
Suplicávamos o infinito.
Só nos deram o mundo.

De um lado das águas, de um lado da morte,
tua sede brilhou nas águas escuras.
E hoje, que barca te socorre?
Que deus te abraça? Com que deus lutas?

Eu, nas sombras. Eu, pelas sombras,
com as minhas perguntas.
Para quê? Para quê? Rodas tontas,
em campos de areias longas
e de nuvens muitas.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Encantamento



Ante o deslumbramento do teu vulto,
sou ferido de atônita surpresa
e vejo que uma auréola de beleza
dissolve em luar a treva em que me oculto


domingo, 18 de abril de 2010

Era uma vez...


Era uma vez uma boca,
que se apaixonou por uma orelha,
dai nasceu o arrepio.


Apareceu uma língua
e decidiu entrar na estória.

Aconteceram gemidos...
Vieram mãos,
dedos suaves,
ombros modelados...
Um pescoço intrometido;
em seguida,
uma tatuagem exalou um cheiro de flor.


Nasceu a inspiração.
O Umbigo estava com um certo ciúmes,
foi lambido e se acalmou.
O coração disparou.


Os pés vieram com força,
e seguraram a flor.
Flor, claro uma rosa vermelha escarlate,
cheia de Vida.


No lençol,
nada mais existia que não fosse desejo.
Nasceu a paixão.
O silêncio pairou,
o grito aconteceu,
a Vida se realizou...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Teu corpo



Impetuoso, o teu corpo é como um rio
onde o meu se perde.
Se escuto, só oiço o teu rumor.
De mim, nem o sinal mais breve.

Imagem dos gestos que tracei,
irrompe puro e completo.
Por isso, rio foi o nome que lhe dei.
E nele o céu fica mais perto.

domingo, 11 de abril de 2010

Entre o luar e o arvoredo


Entre o luar e o arvoredo,
Entre o desejo e não pensar
Meu ser secreto vai a medo
Entre o arvoredo e o luar.
Tudo é longínquo, tudo é enredo.
Tudo é não ter nem encontrar.
Entre o que a brisa traz e a hora,
Entre o que foi e o que a alma faz,
Meu ser oculto já não chora
Entre a hora e o que a brisa traz.
Tudo não foi, tudo se ignora.
Tudo em silêncio se desfaz.

Um anjo













Gosto da noite imensa,
triste,
preta,
como esta estranha borboleta
que eu sinto sempre a voltejar em mim!...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Somos folhas


Somos folhas breves onde dormem aves de silêncio e solidão.
Somos só folhas 

ou o seu rumor.
Inseguros, incapazes de ser flor, até a brisa nos perturba e faz tremer.
Por isso a cada gesto que fazemos cada ave se transforma noutro ser

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Conhecer-me


Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser 
e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, 
porque também há vida…
Sou isso, enfim…

Apague a luz, feche a porta e 
deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só 
com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Amor luminoso

É rápido como uma sombra, curto com um sonho
Breve como um relâmpago na noite fria
Que com melancolia revela tanto o céu quanto a terra
E antes que o homem consiga dizer "Veja!"
Os dentes da noite o devoram.
E assim, depressa, tudo o que é luminoso
Desaparece em meio à perplexidade

domingo, 4 de abril de 2010

{Des}encontros


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